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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

«Um Olimpo diferente»: os atletas esquecidos





«Todos os anos trazem medalhas para Portugal. Em apenas nove Jogos Paralímpicos, conquistaram 88 medalhas, das quais, 25 foram de ouro, 31 de prata e 35 de bronze».

Ontem, dia 3 de dezembro, assinalou-se, pelo 13º ano, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Com base na reportagem da jornalista da TVI, Ana Leal, e da jornalista Andrea Pinto, de Notícias ao Minuto, dou-lhe a conhecer a história daqueles que, apesar das suas condições físicas, representam as cores da Bandeira Nacional no estrangeiro.

Embora tragam para Portugal várias medalhas, estes atletas continuam a ser menosprezados pelas suas limitações e, do qual, o país se tem esquecido deles.

"É muito mau estarmos a competir por Portugal e chegarmos a um aeroporto e não termos ninguém à nossa espera", justifica Luís Silva, atleta da seleção naciona de boccia.

A maioria dos atletas paralímpicos vive com bolsas miseráveis pagas pelo Estado português, se comparadas com o que recebem os atletas Olímpicos.

João Vaz, 22 anos, pratica natação há cerca de seis anos. Em 2008, ingressou nas piscinas do GES Loures, na Portela, e passado um ano, a conselho do seu treinador, rumou ao Sporting CP. É com o leão ao peito que João Vaz começa a ganhar vários troféus. No seu currículo, constam os títulos de vice-campeão, campeão nacional e campeão europeu. O atleta do Sporting fez história ao sagrar-se vice-campeão nacional do mundo, no México.

"Foi da melhor forma que Portugal terminou no 7º Campeonato do Mundo DSISO para nadadores com síndrome de Down que decorreu em Morelia no México, ao somar mais três medalhas no 5º e último dia de competição".

Francisco Vaz, pai do atleta paralímpico, salienta que "a natação é aquilo que ele faz na vida, onde tem objetivos a atingir e o obriga a ter disciplina, esforço e dedicação. Depois consegue resultados e medalhas, o que é bom em termos de auto-estima e objetivos de vida".

A história do pugilista Jorge Pina tem uma realidade bem diferente. O atleta que, quando se preparava para lutar pelo título de campeão do Mundo, teve um acidente, acabando por perder a visão.

Determinado a continuar a fazer aquilo que mais gostava, o desporto, Jorge Pina não baixou os braços e decidiu enfrentar a sua nova luta de cabeça erguida.

"Nunca pensei em abandonar o desporto. Foi este que praticamente me educou e me ensinou tudo em termos de força, educação e responsabilidade", diz. Por isso, mal saiu do hospital foi à procura de um desporto. "Não valia a pena perder tempo. Ia ficar a lamentar-me, a queixar-me e a arranjar mais problemas na minha cabeça. Foi limpar as lágrimas, curar as feridas e começar a correr", acrescenta o atleta que se dedica agora ao atletismo e se prepara para participar nos Jogos de Rio de Janeiro em 2016.

Para Rui Gama, treinador da equipa de natação adaptada do Sporting, é precisamente "o partir a pedra" que o motiva no seu trabalho. "Andamos no desporto adaptado todos os anos com a esperança que isto melhore e que estes atletas comecem a ser vistos com a verdadeira valia que têm", explica, referindo que os resultados que apresentam são a esperança para que se mudem "alguns preconceitos e conceitos".

Apesar das diferenças no trabalho e no relacionamento com estas pessoas, porque são muito "mais puras" na forma como mostram os sentimentos, o técnico não hesita em afirmar que "o João está ao nível dos melhores atletas do mundo, pois é competitivo e não tem limites na sua capacidade de sacrifício".

Cientes do que são capazes, atletas, familiares e treinadores, são muitas vezes as vozes de quem como o João não tem nas palavras a sua melhor arma de comunicação. Defendem, por isso, mais apoios e maior reconhecimento.

"Costumo dizer, que estas pessoas são focos de humanidade. Nós todos temos a ganhar se os apoiarmos e desenvolvermos a sua autonomia", remata Francisco Vaz, salientando que este apoio é sobretudo benéfico para "o futuro da sociedade em geral".

É um olhar inédito, sobre um atleta Olímpico diferente, este do chiar das cadeiras de rodas, da graciosidade menor, dos membros ímpares, das palavras simples.

Estas são autênticas histórias de coragem, cheias de lições de vida e de quem todos os dias fazem verdadeiros milagres para não desistir...





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